segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O quadro

Tudo começou em 1600 no auge da escravidão no Brasil. Um fazendeiro, que vivia na região do interior da Bahia conhecido por ser muito ruim nos maus tratos aos seus escravos, resolve pedir a um pintor local que pintasse um quadro dele e sua família. O pintor chega ao local e faz o que o fazendeiro havia lhe pedido. Na hora de pagar, o fazendeiro deu menos do que haviam combinado. Após reclamar sobre o ocorrido, o fazendeiro mandou seus capatazes prenderem o pintor juntamente com os outros negros. Mas antes ele receberia um castigo por ter afrontado o dono daquelas terras. O pintor não resistiu às chibatadas e morreu naquela tarde. Mas antes de morrer, já fraco, uma mãe-de-santo lhe disse: aquele a quem sirvo lhe mandou dizer que se você lhe der sua alma, ele faz aquilo que você mais deseja. O pintor disse: diga a seu mestre que ele terá, mas quero que aquele que fez isso comigo, pague com o pior castigo. Dito isso, ele morreu. No dia seguinte, quando soube da morte do pintor, o fazendeiro ficou alegre e deu uma festa para seus capatazes. À noite, quando todos foram dormir, o fazendeiro teve um sonho: ele estava levando chibatadas como um negro e sangrava muito. Pela manhã o fazendeiro foi encontrado morto no chão da sala com marcas de chibatadas nas costas que faziam seus órgãos aparecerem. Anos se passaram. A fazenda foi comprada por outro fazendeiro, tão ruim quanto primeiro. Ele manteve muitos móveis dos antigos donos na casa-grande inclusive o quadro. Numa noite de lua cheia, após dois negros serem mortos com chibatadas, o fazendeiro teve o mesmo sonho do outro, mas com uma diferença: ele via do quadro sair à imagem do pintor que lhe deferia as chibatadas rindo com uma gargalhada pavorosa. Pela manhã, o fazendeiro estava morto na sala, da mesma forma que o antigo dono da casa. Um dos filhos desse fazendeiro ficou intrigado com o que ocorrera e procurou saber o que aconteceu. Soube que o antigo dono da casa morrera da mesma forma que o seu pai e ao procurar uma mãe-de-santo, soube que o espírito do pintor que matou o seu pai e o antigo dono estava preso no quadro que fora ele que pintara. E tudo que ele fazia era por vingança. O rapaz não acreditando muito na história, chegou em casa e procurou o quadro. Notou que dentre as pessoas que ali estavam, uma pessoa ao lado do fazendeiro sorria diabolicamente. Ele pegou o quadro e ateou fogo. Quando o quadro foi se queimando, um grito pavoroso se ouviu e na mesma hora, várias chibatadas estavam sendo desferidas no rapaz que morreu além das chibatas, queimava junto com o quadro. A família se mudou do local, pois após o ocorrido coisas estranhas aconteciam. O canavial pegava fogo e quando iam ver, nada estava queimado. Capatazes apareciam mortos ora com marcas das chibatadas, ora queimados. 300 anos depois, a fazenda fora vendida e quando os novos donos começaram a olhar a casa, acharam na sala principal o quadro do fazendeiro e sua família e a imagem do pintor com um sorriso de escárnio. Depois de alguns dias, se ouvia vozes pela casa, gritos na fazenda, barulhos de pessoas sendo açoitadas e gritando por ajuda. A família saiu dali e nunca mais quis voltar na casa. Dizem os moradores que moram perto da fazenda que ainda se ouve os mesmos barulhos de gritos e vozes pela fazenda. Ninguém se atreve a por os pés lá, pois todos têm medo de olhar para o quadro e ver o sorriso do mal preso pronto pra fazer novas vitima.

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